#Texto 5 — Autoria e Paratopia das crônicas.

Gabrielli dos Santos Pereira
2 min readDec 15, 2020

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A autoria e a paratopia são dispositivos importantes na análise discursiva de gêneros narrativos, dando, assim, contribuição relevante na compreensão da crônica, expressão híbrida entre jornalismo e literatura.

Amparada na Análise do Discurso da Escola Francesa (AD), esta reflexão revela que a autoria e paratopia dos 11 cronistas que publicaram no jornal “O Popular” de Goiás, durante o período avaliado são determinantes para compreender tais enunciações.

A crônica é um gênero escorregadio. Sua construção se deu no decorrer do tempo em uma evolução processuais, lidando com a dupla identidade entre literatura e jornalismo. Afrânio Coutinho (1986) pontua que “o significado tradicional da palavra ‘crônica’ decorre de sua etimologia grega (khronos — tempo): é o relato dos acontecimentos em ordem cronológica” (p. 120). Ele ressalta as mudanças de sentido deste gênero discursivo, pontuando que o “uso da palavra para indicar relato e comentário dos fatos em pequena seção de jornais acabou por estender-se à definição da própria seção e do tipo de literatura que nela se produzia” (p. 121). Por ser um gênero híbrido, que se ancora em discursos muitas vezes vistos sob polos binários verdade/mentira ou realidade/ficção, a crônica exige um olhar que não considere que estatutos discursivos diferentes sejam, a priori, excludentes. Os dispositivos e procedimentos da Análise do Discurso da escola francesa (AD) formam um dos caminhos mais pavimentados nesse sentido, trazendo em sua contribuição teórica diversas reflexões quanto a encontros discursivos.

Nas interações de jornalismo e literatura, traços polifônicos e polissêmicos passam a ser essenciais. “Ao investigar discursos tão ricos e cheios de alternativas, faz-se necessário entender que tais construções possuem inúmeras articulações, com variados sistemas e ordens.” (Borges In: Porto & Mouillaud, 2012, p. 803). O presente texto busca contribuir com este debate. Trazemos uma reflexão de como as crônicas publicadas no mais importante jornal de Goiás “O Popular “, expressam ressaltada autoria e como podemos definir as paratopias de tais textos, recorrendo a conceitos da AD (Foucault, 2007a; Gregolin, 2007; Orlandi, 2007; Maingueneau, 1996).

Esse debate insere-se em levantamento mais amplo, por alunos e bolsistas de iniciação científica do CNPq no Núcleo de Pesquisa em Comunicação da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (NPC — PUC Goiás), que faz uma análise mais aprofundada sobre as crônicas, tendo uma seção específica em seu caderno de cultura, chamada Crônicas & Outras Histórias, dedicada à crônica.

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Gabrielli dos Santos Pereira

Registros, desabafos e opiniões de uma graduanda em Linguística